De botões a usabilidade: o papel do UX e UI no sucesso de produtos de software

Publicado por
Felipe Campos

Aluno de Ciência da Computação e bolsista PROEX do FacompCast

Que mudar cor de botão nas telas não é apenas o trabalho de UI, disso você já sabe. Mas e do universo por trás de cada escolha? Nada é feito por acaso e tudo, absolutamente tudo tem uma justificativa. Por isso, no FacompCast #35, Felipe Campos recebeu Marília Leal, UX Senior Designer na Fundação de Amparo ao Desenvolvimento a Pesquisa no Pará (FADESP) para um bate-papo sobre a importância da User Interface (Interface do Usuário, em inglês) e da User Experience (Experiência do Usuário, também em inglês). Leal contou no FacompCast sobre como foi a migração de carreira da engenharia química para a área do design, sobre como isso impactou a sua vida e também um pouco da rotina diária da líder da primeira equipe de UX/UI de um órgão público no Pará.

Liderar a primeira equipe de UX na Fadesp foi um desafio. Primeiro que ninguém sabe o que esperar de você. Como que tu avalias um trabalho de UX? Eles sabiam a importância porque os produtos se tornam mais intuitivos e geravam menos chamados no suporte. Mas como que mede? O que esperar?

Marília Leal

Qual a diferença entre UI e UX?

Apesar de serem áreas novas e bem correlatas, UX (User Experience) e UI (User Interface) são conceitos complementares, mas distintos no design de produtos digitais. UX se refere à experiência do usuário ao interagir com um sistema, abrangendo usabilidade, acessibilidade e satisfação geral. Já UI foca na interface visual e nos elementos gráficos, como botões, cores, tipografia e layouts. Enquanto o UX busca criar uma jornada fluida e intuitiva, considerando a navegação e o comportamento do usuário, o UI transforma essas diretrizes em um design visual atrativo e funcional.

Um dos pilares fundamentais do UX é o UX Research, mencionado por Leal durante o podcast, que consiste na pesquisa sistemática sobre os usuários para entender suas necessidades, expectativas e dificuldades. Essa prática envolve métodos como entrevistas, testes de usabilidade e análise de dados, permitindo que as decisões de design sejam baseadas em evidências reais e não apenas em suposições. Um UX Research bem conduzido melhora significativamente a experiência do usuário, tornando o produto mais eficiente, acessível e alinhado às necessidades do público-alvo.

Muita gente brinca com “é só desenhar tela, colorir botão” mas eu acho um trabalho particularmente difícil. Porque quando você desenha uma tela, você precisa levar em consideração uma série de fatores, acessibilidade, dificuldade de leitura, daltonismo, vários tipos de usuários diferentes em seus contextos pra que tudo funcione.

Marília Leal sobre a importância do UI e UX na construção dos sistemas

A jornada na Fadesp

Liderar equipes é uma jornada hérculea, ainda mais quando essas equipes são criadas do zero e sem uma base de comparação, como foi na Fadesp. Para Leal, a junção de um ambiente com muitas tecnologias, de legados a APIs, com desenvolvedores acosutumados a trabalhar em uma cultura que era um pouco diferente do que o UX/UI prega, que é o desenvolvimento voltado ao usuário, foi um grande complicador no começo. Isso fez com que ela e sua equipe precisassem não só desenvolver seus métodos próprios de avaliação e entregas, mas também criar uma cultura que fosse eficaz na captação das mentes que atualmente estavam na Fadesp para mudar o foco do desenvolvimento do que era funcional para o desenvolvedor, agora para o que era funcional para o usuário. Isso, no fim do dia, possibilitou produtos não só mais bonitos esteticamente, mas funcionais de fato ao usuário, diminuindo a curva de aprendizagem e a carga cognitiva do seu uso.

Dicas para ser um bom UX Designer

Se o UX e UI são áreas pensadas na jornada do usuário nos produtos de software, por lógico entender de clientes e pessoas é um pré-requisito fundamental para desempenhar um bom papel. Para Leal, não se trata de ser extrovertido ou não, mas sim de entender que “as pessoas são difíceis e complexas, sem precisar necessariamente concordar com elas”. Além disso, curiosidade e vontade de aprender são essenciais, segundo Marília, para que um UX Designer possa desempenhar um bom trabalho, afinal, questionar padrões e ter ideias disruptivas faz parte e é louvável dentro da construção de novas soluções para os usuários.

No entrando, Leal também faz um alerta: para que futuros e atuais UX Designer foquem na proposição das soluções e não em implementar elas. Se agarrar ao problema e não a solução. Afinal, na maioria dos casos, existem diversos interesses que precisam ser conciliados dentro da decisão final e nem sempre a solução proposta vai estar 100% em conformidade com esses. No fim do dia, Marília destaca que até mesmo essa dinâmica especial pode ser benéfica para UXs, uma vez que a não necessidade em seguir os padrões de alta cúpula de decisão deixa os próprios designers mais livres para solucionar os problemas.

O seu papel [como UX Designer] é propor soluções. Não é decidir. E quem arca com as decisões também arca com os ônus e bônus dessas decisões.

Marília Leal, sobre o processo de decisão em UI/UX

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Conheça a convidada

Marília Leal é UX Senior Design na Fundação de Amparo ao Desenvolvimento da Pesquisa no Pará (FADESP), além de ser formada em Engenharia Química pela Universidade Federal do Pará. Também possui mestrado em Engenharia, Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Faculdade de Engenharia de Alimentos da UFPA, além de trabalhos nos Laboratórios de Operações e Separação (LAOS) e no Laboratório de Bioprocessos da mesma faculdade. Também é fundadora da Agência Safo, colaborando com mais de 90 empresas, incluindo Sebrae, Natura e Fundação Guamá, moldando planejamento de projetos, pesquisa de UX, facilitação de workshops e operações de design. Atualmente, Leal tem se dedicado desde 2017 a impulsionar soluções inovadoras no design de produtos digitais na Amazônia, com inovações como a liderança da primeira equipe de UX na Secretaria da Fazenda do Pará (SEFA), onde assumiu o desafio de liderar o time na estruturação de iniciativas pioneiras, como a criação do Design System SEFA e gerenciou o processo de design de produtos digitais da secretaria, impactando diretamente mais de 3 milhões de pessoas diariamente, dentro e fora do estado do Pará.

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